sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

As 11 coisas que são notícia para um jornalista...


Brad Phillips

O leitor que já tentou chamar a atenção de um jornalista para uma notícia por via telefónica sabe quão difícil é essa tarefa.
Quando um jornalista diz «não», a pessoa que está a tentar convencê-lo do outro lado da linha costuma protestar: «Mas esta questão é importantíssima!» E é provável que seja.
Mas uma coisa é aquilo que o leitor considera importante e outra coisa muito diferente é aquilo que O jornalista acha que é notícia.
Por exemplo, hoje em dia há mais de 33 milhões de pessoas com o VIH em todo o mundo; esta questão é importante.
Aos olhos de um jornalista, contudo, essa questão tem hoje a mesma importância que terá amanhã – a não ser que hoje aconteça qualquer coisa que tenha a ver com o VIH.
Assim, se os médicos descobrirem uma nova vacina contra o vírus, ou se uma empresa farmacêutica oferecer medicamentos de graça a um milhão de doentes de VIH em África, a questão «importante» passa de repente a ser «notícia».
Um porta-voz tem de compreender o que é que os jornalistas consideram ser notícia. Para fazer passar uma questão, de «importante» a «notícia», basta muitas vezes apresentá-la de um ponto de vista inovador.
Pegue então no assunto que decidiu propor a um jornalista e veja se ele contém algum (ou alguns) dos seguintes ingredientes.
E, se ainda não começou a dar atenção a estes ingredientes, pois é altura de o fazer!
Eis as 11 coisas que, para um jornalista, são notícia
1. Situações de conflito: um jornalista é um contador de histórias, e qualquer história que se preze apresenta um conflito. Por exemplo, se a abordagem do leitor for discordante da abordagem de um concorrente seu, tem mais hipóteses de a sua história ser notícia do que se as duas abordagens forem concordantes.
2. O local: de uma maneira geral, as organizações noticiosas cobrem uma área geográfica específica. É mais provável o jornal de um país cobrir um acontecimento de menor importância que se passe nesse país do que um acontecimento de maior importância que se passe no país vizinho.
3. Acidentes: tudo o que corre mal – uma explosão industrial, um desastre de viação, um tiroteio numa escola – tem potencial de notícia.
4. Os extremos e os superlativos: os jornalistas adoram extremos e superlativos: o primeiro, o último, o melhor, o pior, o maior, o mais pequeno. Se há algum extremo ou superlativo na sua história, chame a atenção para esse facto, e é provável que ela venha a ser notícia.
5. A novidade: as novidades são notícia. Em geral, uma história tem de ser capaz de responder à pergunta: «E por quê agora?» Uma história que não responda a esta pergunta deixou de ser notícia e perdeu o interesse.
6. A oportunidade e a relevância: uma história oportuna, por exemplo acerca de um acontecimento iminente, é geralmente notícia; igualmente notícia são as histórias com relevância para a especialidade de cada organização noticiosa.
7. O escândalo: o deputado que guarda o dinheiro no frigorífico, o corretor que engana os clientes, o músico de sucesso que assassina a companheira são quase de certeza notícia.
8. David e Golias: em muitas histórias, há um «grandalhão» e um «pequenino»; dado que muitos meios de comunicação consideram que têm a missão de proteger os explorados, o pequenino é geralmente mais bem tratado que o grandalhão.
9. A incompetência: o gestor, o político ou a celebridade que só faz asneiras atrai quase sempre o olhar crítico da imprensa.
10. A surpresa: as histórias inesperadas são um isco irresistível para os jornalistas. Se o leitor fizer um estudo e descobrir que os fritos têm afinal enormes benefícios para a saúde, pode ter a certeza de que os meios de comunicação lhe darão imenso espaço.
Além disso, fará de mim um homem feliz.
11. A hipocrisia: guardei para o fim a minha preferida. Por exemplo, um político que se opõe aos direitos dos homossexuais e é apanhado com um amante; ou o presidente de um canil que é apanhado a maltratar os seus cães. Poucas histórias são mais deliciosas para um jornalista que as de pessoas com poder que fazem o contrário daquilo que apregoam; e estas histórias quase sempre ocupam os títulos noticiosos durante dias ou mesmo semanas a fio.

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