sábado, 24 de março de 2012

Defender o futuro

Irmã Maria Albertina,
Antes de mais, felicitamos a Irmã por ser uma entusiasta defensora da vida.
No seu comentário, a Irmã tem toda a razão quando diz: «Identificar a defesa da vida com cavaquismo ou com qualquer outro partido político é presunçosa ousadia.». Estamos completamente de acordo.
Efectivamente, Cavaco e cavaquistas, nos seus governos, contribuíram para criar o ambiente cultural favorável ao aborto e ao chamado «casamento» entre indivíduos do mesmo sexo. Como? Produzindo legislação contra a família, ou continuando com a anterior, como por exemplo aquela que promove o feminismo, de que essa sinistra «comissão para a igualdade» é apenas um exemplo. Com o incentivo à permissividade pela subtracção da autoridade dos pais sobre os filhos e assim a privação da sua capacidade de educá-los (nisto acompanhado pelo sinistro IAC – dito «Instituto de Apoio à Criança» da sonsa Manuela Eanes). Com a subversão no sistema de educação. Com a promoção nos canais públicos de televisão – e concessionados, dependendo de licença do Governo – da apologia desse feminismo, do divórcio, da rebeldia dos filhos contra os pais, do hedonismo, da homossexualidade, da pornografia, do aborto, da eutanásia, etc.
Cavaco não está inocente nestes crimes contra a Civilização cristã. Sobre a contribuição de Cavaco para a degradação dos costumes em Portugal, entre outras degradações noutras áreas, recomendamos à Irmã a leitura da nossa brochura Dez Anos de Cavaquismo – Breve Balanço da Catástrofe Tecnocrática, publicada no momento da saída do Governo deste desgovernante que andou a iludir o eleitorado crédulo, fazendo-o pensar que ele era diferente da esquerda liberal.
Pois, cara Irmã, são os autores do texto da petição e não nós que, numa mágica oportunista, colados ao cavaquismo e post-cavaquismo, têm a «presunçosa ousadia» (como diz a Irmã) de confundir Cavaco com defesa da vida… E somos precisamente nós que não permitimos essa identificação e pretendemos clarificar a questão separando as águas!
Portanto, estamos de acordo com a Irmã: Cavaco e cavaquismo não devem ser confundidos com a defesa da vida: estão em polos opostos.
Quanto à atitude de alguns cato-cavaquistas-malabaristas, convém esclarecer o seu papel. Pretendem eles jogar em dois tabuleiros: no tabuleiro do tacho proporcionado pelo sistema político corrupto e no tabuleiro da idoneidade conferida pela Igreja Católica e pelas nobres causas da Civilização. Por isso dizemos no nosso comentário que pretendem «servir a dois senhores»…
Como a Irmã deve saber, foi o caso daqueles «fiéis» que receberam dinheiro dos católicos de Norte a Sul de Portugal, de conventos, de obras e de particulares, para fazerem uma televisão cristã. E depois, entre outras traições ao projecto, encheram-na de liberais e esquerdistas e passavam filmes «semi»-pornográficos e programas de promoção da homossexualidade (com Júlio Isidro). E o então chefe da televisão dita católica justificava a proeza dizendo que «a TVI não é uma televisão seminarista» (declaração tal e qual de Roberto Carneiro, na época, a um repórter de outro canal)… E, no fim de tudo, o nosso dinheirinho evaporou-se. Nem dinheiro, nem televisão cristã…
A Irmã acredita em Bagão Félix e está no seu direito. Quanto a nós, sobre Bagão Félix ou qualquer outra eminência da III República, signatária ou não da petição, relativamente ao comportamento político na sociedade, diremos apenas aquela dos romanos: Res, non verba. E a Irmã há-de concordar que Cristo não se contenta com palavras, quer acções.
Aproveitamos a oportunidade para notar à Irmã que a Lusitânia não nasceu cristã mas sim pagã. Depois foi cristianizada. É precisamente isso que é preciso voltarmos a fazer, a nova evangelização, que João Paulo II nos encomendou numa das suas visitas a Portugal. Mas essa tarefa não será certamente obra de Cavacos ou católicos como os que, para fazer carreira ou ganhar dinheiro, traficam com o inimigo.
Cara Irmã, é tempo de acabarmos com as confusões, atitudes ambíguas e jogos duplos. A Cristandade e Portugal estão mal devido a essas ambiguidades, que abrem a porta à traição e ao maléfico. Por isso devemos permanecer fiéis aos valores cristãos, claros nos propósitos e vigilantes em relação às manobras e manobradores que colocam em causa os nossos valores.
Queira receber, Irmã, os nossos melhores cumprimentos.
Lisboa, 21 de Março de 2012

Heduíno Gomes
José Luís Vaz e Gala
Afonso de Aguiar Perdigão
António Mósca Falé
João Xavier Louro

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